Pediu para dar medicação ao familiar, nada constava na documentação que eu poderia dar medicação, e ainda por cima a medicação que ela queria que eu desse ao seu familiar, estava dentro de um recipiente de plástico que não era sequer o recipiente original e nem tinha o receituário com a discriminação das dosagens e o nome dos medicamentos. Expliquei-lhe que sem esses dados eu não estava autorizada a dar medicação ao seu familiar. Mudou então de discurso e disse que apenas precisava que eu a ajudasse a soerguer o familiar, e que era lhe daria a medicação. Ficou então combinado que assim faríamos, eu disse-lhe que o meu turno terminava às 07h00 e que a tal hora eu tinha de estar dentro do meu carro em direcção a casa. Tudo certo. De manhã ajudei a prestar cuidados de higiene e fazer o reposicionamento. Visto que o doente puxou a algália, isso fez com os lençóis da cama ficassem molhados por causa da urina, mudei-lhe a fralda, apliquei creme anti-assaduras, e mudamos todos os lençóis e cobertas da cama. Quando fiz 'clock out'/marquei o ponto para sair, já passavam 15 minutos das 07h00.
Voltei no dia seguinte, e já organizei melhor as coisas, de manhã verifiquei se a algália estava no sítio, verifquei a fralda, e tudo estava em ordem. Tal como na noite anterior, aquele doente dormia até às 02h00 e depois acordava e ficava irrequieto, querendo mesmo sair da cama. Eu explicava-lhe que devido a ele não ter força nem nas pernas e nem na coluna, ele não se conseguiria manter de pé e que infelizmente eu não poderia ajudar nesse sentido. Eu fiz o melhor que pude para o manter confortável na cama e oferecendo bebidas quentes ou frias tais como, água, chá, café ou sumo, na primeira noite ele bebeu 3 chávenas de chá, na segunda noite bebeu apenas uma, manteve-se acordado ate quase às 06h00,ajudei-o a soerguer-se e ficar na posição sentado, visto que é uma cama articulada de hospital. Ela veio para baixo hás 07h30 +/- eu dei-lhe conta de como foi a noite do seu familiar, e conversamos um bocadinho ele desfez-se em agradecimentos e elogios, e disse-me que eu poderia ir para casa que ela daria agora conta do recado.
Eu fui para casa fiz a minha rotina normal do dia a dia e fui dormir.
Quando acordei e fui ver as mensagens, deparo com a mensagem da minha encarregada, que dizia o seguinte: 'Paula nós recebemos uma queixa de um/uma cliente e nós temos outra alternativa a não ser retirar-te da rota e proceder a uma investigação. Fique pasma, não conseguia entender de onde/quem vinha a reclamação, e a reclamação citava que eu tinha demonstrado relutância em assistir o meu paciente com cuidados pessoais, e que tinha feito comentários inapropriados.
Fiquei atónita. Que comentários é que eu poderia ter feito?! E jamais em circunstância alguma eu recusaria prestar cuidado a qualquer paciente meu.
Ficou agendado uma reunião para o dali a 3 dias.
No dia marcado eu apresentei-me no escritório da empresa à hoa marcada. A denúncia veio então da familiar do meu último paciente, a que queria que eu desse medicação sem ter o receituário e ao qual eu tinha explicado que sem ter escrito na planilha de cuidados que eu podia prestar ao meu paciente, que eu poderia dar medicação, eu não podia dar medicação sem antes contactar o centro de enfermagem e pedir aconselhamento. Ela decidiu então fazer queixa de acusando-me de recusar prestar cuidados ao seu familiar, além de inventar uma serie de mentiras. Eu prestei o meu depoimento e apresentei factos e provas pois tudo ficou electrónicamente documentado.
Fui para casa, e depois fui às compras. Estava no meio de um dos corredores do supermercado quando toca o meu telemóvel, era a minha encarregada a dizer que eu já estava de volta à rota de trabalho e para eu esquecer tudo o que se tinha passado e para não me preocupar mais com o assunto. Eu nada disse para além de agradecer, mas a raiva, o choque com a desplante daquela pessoa ao me fazer falsas acusações, deixou marcas até hoje, e eu agora já só quero abandonar esta empresa e esta profissão. Quanto mais lido com humanos menos eu gosto deles. 😑
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